segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A casa


- Digamos que eu aceite esse desafio. O que eu vou ganhar em troca, Aline? – perguntei.

- Uma noite inteira comigo, com tudo que você quiser. – ela respondeu, com um olhar malicioso na cara.

- Hmmm... Interessante. Ok, eu topo. – respondi.

O desafio em questão era passar uma noite acordado na casa de um amigo dela. Aparentemente, a casa era assombrada e a família estava de mudança essa semana. Na verdade, ela já havia saído de lá, só deixou as coisas pra trás até conseguir tirá-las de lá. E claro, deixou alguém com as chaves da casa pra cuidá-la até então, que no caso, eram os pais de Aline. Pegar a chave deles sem que eles soubessem foi fácil, segundo ela.

Enfim, saímos da casa dela e fomos para a casa em questão. Era estranho acreditar que essa casa era assombrada. Ela tinha dois andares, um jardim bem cuidado e um acabamento impecável, toda em branco. Estava meio preocupado que nos vissem entrando na casa, mas já era noite, e ninguém prestou atenção em nós dois. Por dentro, a casa era mais bonita ainda do que por fora. Uma sala ampla, mobiliada com moveis bem antigos, ligava a cozinha com a escadaria próxima à porta, que levava aos quartos.

- Tá, vai ficar com essa cara olhando pra mobília ou vai se concentrar numa coisa um pouco... Melhor? – ela disse, andando sedutoramente para o sofá da sala.

- Não precisa chamar duas vezes. – disse, indo até o sofá e agarrando ela. Mas um barulho estranho nos impediu de continuar o que tinha mal começado. Era como se alguém estivesse subindo e descendo as escadas. – Cara, tu me disse que não tinha ninguém morando aqui.

- Mas não tem. – ela parecia desconfortável com isso.

- Tá bom então, vamos lá ver o que é isso. – disse, me levantando e indo em direção à escada. Mas ela continuou sentada. – Que foi, você não vem?

- Acho melhor não. Vai lá ver o que é, eu espero você aqui. – ela respondeu, ainda sem se levantar.

- Ah claro, tu quer ficar sozinha numa casa que você diz ser “assombrada”? Tá bom então, você que sabe. – disse, ironizando. Ela pareceu pensar e, relutante, levantou-se do sofá e veio até onde eu estava. Vai entender.

Enfim, paramos em frente à escada, mas não havia ninguém ali. Subimos as escadas e fomos abrindo um por um dos quartos, mas ainda assim, não havia nada.

- Eu não tô gostando disso cara. – ela disse, parecendo um pouco assustada.

- Ei, a idéia não foi minha. Você que quis vir pra cá. Mas, peraí, por que mesmo você queria vir pra cá? – perguntei, olhando para ela.

- Bom, já que não consigo passar nem dez minutos sozinha com você... – ela pareceu esquecer que estava assustada até 15 segundos atrás. – Eu acho que precisava de uma desculpa, não? – ela me abraçou e começou a me beijar novamente. – Então, o que você acha de... – ela foi interrompida com uma forte rajada de vento, vinda da porta. Ela abriu com muita violência, soltando uma rajada tão forte que quase nos derrubou. Porém, logo em seguida, ela fechou com a mesma força que abriu, e o vento cessou. Mas o barulho não. Parecia que cada uma das portas dos quartos estava abrindo e fechando do mesmo jeito. Agora, certo que tinha alguma merda enorme acontecendo aqui, andei devagar até a porta e tentei abri-la, sem sucesso. Alguma coisa tinha nos trancado lá dentro.

- Cris, o que tá acontecendo? – Aline parecia realmente assustada agora.

- Não sei Aline, mas nós não podemos ficar aqui dentro. Temos que tentar abrir essa porta e sair daqui. – tentei novamente abrir a porta, e Aline veio me ajudar, mas ainda assim, a porta não abria, e o barulho das portas abrindo e fechando lá fora aumentava de intensidade, como se elas estivessem abrindo e fechando cada vez mais rápido. Aline começou a chorar, e ficou agachada na porta, soluçando.

Abaixei-me e fiquei ao lado dela, esperando que esse barulho infernal acabasse. Passou-se um longo tempo até que isso acontecesse. Quando finalmente parou, levantei-me e tentei abrir a porta novamente, dessa vez, conseguindo. Saímos do quarto e vimos uma coisa diferente no corredor. Das quatro portas que havia antes, duas não existiam mais, eram apenas uma extensão da parede, e uma das portas dos outros dois quartos estava aberta. Alguma coisa estava me dizendo que devíamos entrar ali dentro. Caminhei vagarosamente até ela, com Aline atrás de mim.

Entramos no quarto, e ele estava da mesma forma que estava antes, cheio de decorações de menina e alguns brinquedos jogados no chão. Fui até o fim do quarto, mas nada parecia diferente, exceto por um em particular. Uma das bonecas que estava em cima da cama parecia olhar para nós dois com um sorriso irônico no rosto. Aquilo me causou um profundo arrepio. Aline, que desde que começou a chorar no outro quarto não havia dito nada, começou a se afastar com uma cara de pavor, apontando para alguma coisa atrás de mim.

- Aline, o que diabos você... – senti um frio estranho vindo dos meus pés, e foi quando vi o que ela estava tentando me avisar. Havia uma sombra negra encobrindo a parede toda, e ela estava começando a me cercar. Apavorado, corri pra longe da parede e saí do quarto, com Aline me seguindo de perto. Descemos as escadas e abrimos a porta, mas a visão que tivemos foi aterradora. Três crianças esperavam por nós em frente à porta, cada uma carregando uma foice banhada em sangue. Tentei fechar a porta e correr delas, mas as três levantaram as mãos em nossa direção e alguma coisa nos arremessou contra a parede, prendendo-nos. Gritei, me debati, fiz tudo que podia, mas não conseguia me soltar. Aline começou a chorar desesperadamente, também tentando, sem sucesso, se soltar.

As três crianças entraram na casa, aproximando-se de nós. A primeira, uma menina com longos cabelos negros, parou em frente à Aline e sussurrou alguma coisa que eu não consegui ouvir, mas que fez Aline silenciar na mesma hora. Ela ficou olhando fixamente para a criança, até que o que tivesse prendendo-a a soltasse, fazendo-a cair no chão. Ela se levantou, agradeceu a criança e pegou a foice dela, olhando com um olhar perdido para mim.

A segunda criança, um menino franzino com cabelos cacheados, andou até a minha frente e ficou parado, observando-me.

- Ela vai te matar, você sabia?  - a voz dele ecoava na minha cabeça, parecendo se divertir com a situação. – Você pode escolher morrer pelas mãos dela ou aceitar minha foice e matá-la.

- Eu nunca iria matar outra pessoa! Solte-nos e deixe-nos ir embora! – gritei.

- Ah, por favor. Não me diga que tem medo dessa garotinha? – ele disse, apontando para a menina ao lado de Aline. – Agora, ela está dentro da sua amiga. A única chance que você tem de sobreviver é matando-a.

- Eu... Eu... – Aline começava a se aproximar de mim.

- Ela está chegando. Não vou impedi-la, a menos que você queira lutar com ela. Então?

- Eu não vou lutar contra ela. - disse, soando mais decidido do que parecia.

- Que seja então. – ele deu as costas e saiu, ficando ao lado da terceira criança, uma menina com longos cabelos cacheados, que lembravam os dele.

Aline parou na minha frente, com a foice em punho. Seus olhos estavam brancos, como se tivessem perdido a cor. Tentei novamente me soltar, gritar pelo nome dela. Mas ela parecia não me ouvir. Aquela "criança" havia dominado-a. Enquanto isso, as três crianças estavam rindo, aumentando ainda mais meu ódio. Comecei a chorar, sem esperança. Ela havia partido. E me levaria junto com ela.


Ela levantou a foice sobre a cabeça, e a última coisa que vi foram as três crianças dando as costas para nós e indo embora de mãos dadas, cantando alguma música enquanto a foice caía sobre meu corpo, ceifando-me a vida...


            

6 comentários:

Thiago Matos disse...

Mto bom!

Anônimo disse...

adorei eu li essa historia e "quase me caguei" nossa!!!

Anônimo disse...

adorei eu li essa historia e "quase me caguei" nossa!!!

Anônimo disse...

Aterrorizante ameii

Anônimo disse...

Muito boa a historia .

haganjackowski disse...

Slots Casino - Slots.lv - Mapyro
Welcome 논산 출장샵 to Slots 대구광역 출장마사지 Casino, one of 태백 출장샵 the premier destinations 문경 출장안마 for gaming! Our selection of Slot machines comes with new features! Take our online slot 양주 출장샵 game