terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Casa Abandonada


            Meu trabalho já me levou a muitos lugares. Lugares que as pessoas não iriam por vontade própria. Lugares que até eu me arrependo de ter ido.

            Em uma das minhas longas caminhadas, encontrei uma casa perdida, numa área onde poucas pessoas moravam. Passando pelas outras casas ao redor, ninguém havia falado nada sobre ela, mas, por algum motivo, todos que nos atenderam ficavam olhando fixamente àquela casa. Quando questionados, eles acabavam por nos mandar embora sem falar nada. Mas, era nosso trabalho passar por lá.

            A casa, além de vazia, estava totalmente depenada, apenas um amontoado de paredes com um teto sobre ela, sem janelas, portas, quase sem divisórias dentro da casa. Entramos nela, eu e meus colegas. Enquanto eles passavam pelo lado da casa em direção aos fundos, eu resolvi passar por dentro da casa, indo também para os fundos.

            Mas me detive enquanto estava lá dentro. Primeiro, apenas senti. Tinha alguma coisa me observando. Meus colegas estavam gritando para que eu fosse até eles, mas não estava ouvindo-os. O clima daquela casa estava quase me sufocando, tornando meu caminhar lento e pesado, e quanto mais caminhava em direção à porta dos fundos, mais me sentia observado.

            Tentei resistir a olhar para trás. Mas não consegui. Dei as costas à porta e voltei-me para o que era antes um quarto (era a única coisa que ainda estava dividida naquela casa). Mas, estranhamente, nada havia. Apenas o mesmo vazio do resto da casa.

            Um pouco mais aliviado, voltei-me novamente para a porta dos fundos. Foi quando a vi. Uma menina, carregando um pequeno ursinho de pelúcia, olhando fixamente para mim. Seu olhar carregava uma energia pesada, a ponto de derrubar até mesmo o que restava daquela casa em pedaços. Minha mente gritava para que saísse correndo dali, mas eu estava totalmente paralisado.

            Ela começou a andar vagarosamente em minha direção. Quanto mais ela se aproximava, mais difícil ficava de respirar. A luz vinda da porta dos fundos desapareceu, deixando a casa as escuras. Enquanto tentava pensar numa forma de fugir daquela escuridão, um clarão parecido com um raio iluminou a casa novamente. Junto com a luz, a surpresa. As paredes da casa estavam cobertas de estranhas runas, todas desenhadas em sangue. No meio da casa, uma criança estava presa a um altar.  Mesmo sem conseguir vê-la direito, eu sabia quem era.

            Desesperado, tentei correr, mas a casa voltara à escuridão. Um novo clarão iluminou a casa, mas a criança não estava mais presa no altar. Aproveitando os poucos momentos de luz que tinha, olhei para todos os lados, procurando por ela, mas ela não estava em lugar algum. Instintivamente, corri em direção de onde a porta deveria estar.  Mas bati em alguma coisa pequena antes de chegar nela. Um terceiro clarão me mostrou o que era. Era ela, coberta de sangue, com um punhal dourado nas mãos, olhando maliciosamente para mim. A luz sumiu, mas com ela, a dor apareceu. Senti o metal frio me perfurando uma, duas, várias vezes, até que...

            - Cara, o que aconteceu? – meu colega olhava fixamente para mim, com nossa companheira um pouco atrás dele.

            - Eu... – eu estava... deitado? – Onde eu estou?

            - Você está na casa que entramos oras. Enquanto nós demos a volta, você resolveu passar por dentro da casa, e como você demorou a nos alcançar, viemos atrás de você, e o encontramos desmaiado no chão. Vamos, eu te ajudo a levantar.

            Ele me ajudou a levantar e saímos dali. Não quis contar-lhe o que tinha visto, porque... Bom, ele não iria acreditar. Mesmo assim, receoso, voltei meu olhar uma última vez para a casa. Ela parecia exatamente a mesma de antes de entrarmos, mas havia uma coisa jogada no chão perto à porta da frente: um pequeno ursinho de pelúcia...
           
           
           
            

3 comentários:

Anônimo disse...

ate que da um pouco de medo dessas historias mas eu nao entendi mto o final na real essa menina existia ou nao? parabens

Lipe disse...

Na real algo parecido com isso aconteceu num dia de trabalho meu, um colega entrou numa casa abandonada e sem portas/janelas pra ir para os fundos do terreno e sentiu uma menina olhando pra ele dentro da casa (ele era sensitivo), daí que saiu.

Anônimo disse...

Eu sou a menina. Voltei e quero meu ursinho.