quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O espírito do banheiro

Em um antigo internato para meninas, de tempos em tempos histórias “vividas” por internas mais antigas vinham à tona. A maior parte delas era apenas invenção. Mas esta que vou relatar é a única história verídica de todas as que escutei. Devia ter 14 anos na época. Estávamos na sala de aula, no intervalo, em um dia que parecia apenas mais um qualquer. Foi quando Amanda, uma das alunas que estavam para sair do internato, por já estar fazendo 18 anos, chamou todas para um canto da sala, dizendo que tinha uma história para contar. Percebendo do que se tratava, todas foram ao seu encontro.
Eu permaneci sentada em meu lugar, pois já estava cansada de ouvir tanta baboseira. Percebendo que eu era a única que não fui ouvir sua história, Amanda veio para perto de mim, seguida de todas as outras meninas.
- Ué Aline, não quer ouvir o que tenho para contar? – perguntou ela.
- Desculpe, mas não, obrigada. Já estou cansada dessas histórias sem cabimento.
- Sem cabimento? Dessa vez, a história é verdadeira.
- Como todas as outras que também eram... – repliquei.
- Duvida? Então escute e tire suas próprias conclusões, pois o corpo ainda está aqui.
- Corpo? – as meninas perguntaram em coro.
Ignorando o coro atrás dela e focando seus olhos verdes em mim, ela começou:
“Essa história aconteceu há alguns anos. Foi no tempo em que eu entrei aqui. Uma menina, Alice, desrespeitava e às vezes batia nas senhoras que cuidam do internato. Ela pensava que tudo o que fazia passaria impune. Mas não passou. Certo dia, a diretora se cansou das atitudes dela. Ela pegou a menina, que estava na sala de aula, e a trancou no banheiro da mesma, dizendo que só sairia dali quando aprendesse a lição. Ela gritou incessantemente pedindo ajuda, mas a diretora impediu todas que tentaram ajudá-la. Eu mesma tentei, mas ela disse que esse era o castigo que ela merecia por maltratar as pessoas que ‘cuidavam’ dela.”
“Todas nós ficamos na porta do banheiro esperando a diretora soltá-la. Mas ela não o fazia. A noite chegou, e todas foram obrigadas a voltar para os dormitórios. Durante a noite, ouvi um barulho que parecia um trovão ecoar pelos corredores do internato. Como não havia sinal de chuva vindo, levantei e procurei de onde havia saído tal barulho. Enquanto andava pelos corredores escuros, o barulho ecoou novamente, vindo da nossa sala de aula. Devagar, fui até lá e vi a porta do banheiro aberta, e ninguém a cuidá-la. Talvez Alice tivesse escapado, ou então...”
“Cautelosamente, entrei no banheiro. Mas não vi ninguém ali, nem mesmo Alice. Quando estava para sair do banheiro, algo começou a escorrer da porta da última cabine. Mais apavorada do que nunca, andei até lá. Mas foi aí que vi algo que nunca queria ter visto. Alice, sentada no vaso do banheiro, com um buraco na cabeça e outro no peito. Alguém havia entrado ali e atirado nela, intencionalmente.”
“Apavorada, saí do banheiro, contendo um grito de desespero. Quando corri em direção aos quartos, vi a diretora saindo depressa do banheiro dos professores, carregando um objeto estranho, prateado. Tentando controlar meu nervosismo, segui-a, até sua sala. Ela deixara a porta entreaberta, então pude observá-la guardar o objeto que, sob a luz da lareira, pude distinguir o que era: uma arma, manchada de sangue.”
“Atordoada, voltei ao meu quarto, sem sabe o que fazer. Entregar a diretora a policia? Impossível, pois ela iria me pegar antes que eu o fizesse. Contar a alguém? Mas quem, se todas eram leais a ela? Sem resposta, resolvi tentar dormir novamente. Algumas horas depois, fui acordada por gritos incessantes. Levantei-me e fui ao único lugar de onde poderiam vir tais gritos: o banheiro de nossa sala de aula. Lá estavam várias colegas chorando pelo que viram, e a diretora, dizendo que não sabia como tamanha barbárie fora cometida. Ela mandou que todas voltassem aos seus quartos enquanto tirava o corpo de Alice dali, mas não foi o que ela fez. Eu me escondi, a fim de saber o que ela faria. A diretora simplesmente trancou o banheiro e pediu para que uma das empregadas cobrisse a porta com tábuas e o mesmo papel de parede do resto da sala, para que ele ficasse exatamente como todo o resto da parede.”
Ela parou de me encarar e foi a um canto da sala, onde rasgou o papel de parede com um pequeno canivete.
- E aqui é onde seu corpo está, preso no que um dia foi um banheiro. Pela morte que sofreu, seu espírito ainda deve estar aqui, sedento por vingança a todo e qualquer um que ousar libertá-lo.
A sala ficou muda. Todas se entreolhavam, mas ninguém soltava um suspiro sequer. Então, Amanda voltou-se novamente para mim e perguntou:
- Então Aline, minha história não é verdadeira?
Não respondi. Levantei-me e fui até onde estava. Parei em frente à porta e analisei-a. Como todo o resto da fundação do internato, as tábuas que escondiam a porta estavam podres, e apenas um chute era mais do que suficiente para quebrá-las.
- Então façamos o seguinte, Amanda: e se eu entrar nesse banheiro e provar a todas que sua “história verídica” é mais falsa do que nota de três dólares?
- Sinceramente, eu não quero que você faça isso. Já basta o terror que eu senti em olhar para ela daquele jeito. E, além disso, você pode soltar um espírito que pode tentar matar a todas nós.
- Ah, por favor, vai dizer agora que está com medo?
- Estou. E se você sabe o que é melhor para você, não faria isso.
Soltei um olhar de reprovação para Amanda. Afinal, do que poderia estar com medo, já que esse deveria ser apenas mais uma de suas balelas. Mas todas as outras meninas pareciam acreditar nela, mostrando-se apavoradas.
Cansada daquele clima, chutei as tábuas com toda minha força. Pensei que quebraria apenas elas, mas não pensei que a porta estivesse pior do que as tábuas, pois ela se quebrou junto. O odor que saiu de lá era horrível, insuportável. Mas já que havia ido até esse ponto, não voltaria atrás.
Tapando minhas narinas com a manga do uniforme, entrei no buraco. Sem iluminação, totalmente imundo e ameaçando desabar, aquilo era apenas a lembrança do que um dia foi um banheiro. A janela foi coberta com cimento, para isolar o banheiro e torná-lo desconhecido das novas internas.
Guiando-me apenas pela luz que entrava pelo buraco pelo qual entrei, procurei pouco a pouco o banheiro onde supostamente estava Alice. Quanto mais me aproximava da última cabine, mais forte o odor ficava. Quando parei em frente à cabine, não havia nada. Ela estava vazia. Enquanto estava voltando-me para a saída para comprovar o que havia dito, todas as luzes do banheiro se acenderam. Como eu havia me acostumado ao escuro dali, as luzes fizeram ardes aos meus olhos, me deixando cega por alguns instantes.
Quando voltei a enxergar novamente foi que aconteceu. Senti uma presença estranha atrás de mim. A parede do banheiro estava negra, e alguma coisa estava escorrendo da cabine onde Alice deveria estar. Indecisa e um pouco assustada, voltei-me à cabine, agora fechada. Abri-a, e tive a visão mais aterradora da minha vida. Depois de vários anos, o corpo de Alice parecia intacto, inclusive com as perfurações feitas pelas balas.
Contendo-me para não gritar e mostrar às outras que Amanda estava certa, fechei novamente a cabine, mas ela abriu-se abruptamente, ou melhor, alguém a abriu. O corpo de Alice começou a se mover lentamente em minha direção, mas corri em direção à saída. Infelizmente, ela não estava mais lá. Era como se eu tivesse voltado no tempo, e o banheiro estivesse exatamente do mesmo jeito que estava naquele dia.
Comecei a bater na porta e gritar por ajuda, mas ninguém respondia. Enquanto isso, Alice continuava a vir em minha direção. Desesperada, pensei em lutar contra ela, mas isso era impossível, pois ela era uma morta-viva e eu apenas uma menina. Quando me preparei para o final doloroso, ela simplesmente sussurrou em meu ouvido: “Obrigado...”.
Minhas lembranças daqueles momentos ali dentro começaram a voltar rápido demais, tornando-as impossíveis de controlar, fazendo-me desmaiar. Acordei algum tempo depois dentro da sala de aula, mas com uma pequena surpresa: dois corpos estavam pendurados por cordas no teto da sala: eram Amanda e a diretora. Para completar, havia um aviso no quadro, escrito em sangue: este é apenas o começo.
Apavorada, corri para fora do internato, na direção da cidade. Não queria voltar mais para lá. Depois de horas correndo solitária numa estrada deserta, avistei alguém vindo. Por causa do cansaço ocasionado por tantas horas de corrida incessante, desmaiei antes de reconhecer a pessoa.
Algumas horas depois, acordei em uma bela cama, num lugar que parecia mais um hotel de luxo.
- Então acordou, minha neta? – ele perguntou.
Não consegui esconder a felicidade em reconhecer a voz dele. Era meu avô, que viera me fazer uma visita no internato. Curioso, ele me perguntou por que eu estava correndo para a cidade. Contei-lhe toda a história, e ele pareceu acreditar em mim. Ele disse que estava indo ao internato me levar para morar com ele, pois não acreditava que meus pais tivessem me colocado num lugar daqueles. Ele também disse que não sabia onde eu estava, por isso nunca veio me ver. Na verdade, ele disse que se soubesse que eu estava lá desde o começo, já teria ido me buscar a muito tempo.
Alguns dias depois de fugir do internato, li uma notícia perturbadora no jornal: “MASSACRE EM INTERNATO”. A polícia dizia desconhecer quem e como alguém poderia ter matado mais de 40 pessoas enforcadas no mesmo dia, mas eu sabia quem era: Alice. Ela finalmente pôde se vingar.
Já faz quatro anos. Eu e meu avô saímos daquela cidade, e nos mudamos para o mais longe possível. Porém, desde aquele dia, algo está a me acompanhar. E, neste exato momento, ela pode estar aqui, ou com quem está a ler este relato...

22 comentários:

Anônimo disse...

essa fikou boa my!
me caguei aki em casa!
rsrsrws
deu um friuzin na barriga!
escreve mais o,O

...Friendly Serves To ... disse...

Fala serio hauahuahau vcs acha mesmo q existi essa coisa rsrsrsrsr.só acredinto vendo ^^

Anônimo disse...

Essa historia me deu foi arrepio!
Faz mais outra.

Andrezza disse...

Essa historia me deu arrepiu,frustração e me deu ate frio na barriga!
Faz mais.

Anônimo disse...

nossa irado me deu calafrios
faz mais histórias pois vc manda bem!!!!!!!!!!

R@dA N&rY disse...

oohhh!!! É o Willy que eu conheço, de Torres????? Se sim, aqui é o Rada! Me procura! Manda e-mail pra radanery@gmail.com - faz tempo que te procuro!

Anônimo disse...

MEU DEUS. ESSA FIKOU ÓTIMA
eu me borrei toda!
morro de medo de histórias assim mas quando eu vejo uma nao da para
parar de ver
vc é demais. escreva mais, mesmo que
seja mentira
eu nao me emporto e contarei a todos os meus amigos!!!!!!!
bjo xau

Anônimo disse...

caramba, você é boom! já tava tremendo aki até a parte que vc disse que pode estar com quem estiver lendo este relato, faz otra dessa por favor!!!faz tempo que sentia medo de uma leitura, das últimas vezes só em filme

Anônimo disse...

será mesmo que isso seja verdade?
não que eu duvide,mais...
onde essa menina mora atualmente?
e esse espírito acompanha ela ainda?
eu não tenho medo dessas coisas,pois deus sempre está comigo!
vcs confiam em deus?então se confia não facilitem que essas coisas entrem tãom fácil nas suas kbeças...
bjs e que deus sempre acompanhe vcs,e boa sorte pra essa meninas que está acompanhada por esse espírito!

Lipe disse...

Nossa, alguém ainda vê isso aqui? '-'

Enfim, só pra desencargo de consciência. Isso aí foi um sonho que tive uns 2 anos atrás. Dei uma trabalhada nele e tá aí o resultado. Só as histórias do thiago que eram reais (em parte), mesmo ele e toda a família sendo católicos. Não nos (por eu conviver com a família) impedia de ver e sentir algumas coisas. Mas tanto eu quanto o outro dono do blog paramos com isso faz uns anos.

Porém, posso abrir aqui um espaço pra quem tem as suas histórias e quiser usar do blog para contá-las (ou que eu possa contá-las de uma maneira diferente). Só me adicionar no msn: felipe_elix@hotmail.com

Até.

Anônimo disse...

^^kraka
eu me borrei toda
agora eu vou ter pesadelo
mais eu nao me emporto kkkkkk
faz mais umaaaaaaaaaaa
e pf
me fala ond escreve contos de terror
esse foi o melhor e o mais zica
conto de terror que eu ja vi
bjs

Lipe disse...

Eu postei ali o contato do blog, se quiser conversar sobre o blog e/ou dicas sobre textos, adiciona, tá aí nos comentários, só identificar de onde tá adicionando.

Anônimo disse...

me borrei todah
uau conto fodah esse kkkkk
bjossssss my

Anônimo disse...

nao acredito nisso isso nao passa de um conto de terror que as pessoas contam e vcs acredita e posta em um saide para as pessoas lerem e achar que e verdade ai eu concodo com debora vcs acham mesmo q isso e verdade eu mesmo so acredito em uma coisa em Deus o unico q devemos termer pois quando ele desite casticar...
uma coisa eu vou dizer q vcs aceite a ele como eu aceitei pois ele vai lhe ajudar com os medos e muitas outras coisas.
FIM.

Lipe disse...

Cada um, com sua opinião, querida. Até então, isso é um blog de contos de terror. E isso é uma história de terror baseada num pesadelo. Agora se tu vai acreditar ou não, problema seu. Agora não envolva o nome de Deus na sua falta de crença nas palavras alheias, simplesmente diga que não acredita. ^^

Anônimo disse...

Lipe adorei seu último comentário é isso mesmo!!E eu adorei sua história foi super boom conta outras histórias pra nós que gostamos!! =)

Unknown disse...

puta que pariu me caguei todinho no final da historia vc é boa em fazer contos de terror parabens! :p

Unknown disse...

puta que pariu me caguei todinho no final da historia vc é boa em fazer contos de terror parabens! :p

Anônimo disse...

Nossa assustaddor parabens faz mais hein

Anônimo disse...

Nossa assustaddor parabens faz mais hein

Anônimo disse...

huau ,sem palavras para descrever essa historia ...Adorei .

Anônimo disse...

muito booooom vc manda bem em escrever contos de terror